Segurança Cibernética & Fake News
“É preciso ensinar às pessoas o que é informação confiável! ” – Diz Jimmy Wales, criador de enciclopédia que pode ser editada por qualquer indivíduo, e que aposta em rede social paga para combater notícias falsas; nós estamos falando da WT: Social.
Por Daniella Vendramini
No combate a “Fake News”
Em um de nossos recentes artigos, destacamos uma pesquisa publicada pelo Gartner este ano, 2019, no IT Symposium em Orlando, com algumas previsões já levantadas para além de 2020, a qual destacou que até 2023, até 30% do conteúdo de notícias e vídeos do mundo serão autenticados como verdadeiros no combate a tecnologia “Fake News” em Blockchain.
O rastreamento de ativos e a comprovação de procedência se tornaram características importantes (e de destaque) das soluções Blockchain e as quais podem ser facilmente aplicadas para rastrear a procedência do conteúdo de notícias. Até 2021, pelo menos 10 grandes empresas de notícias usarão o Blockchain para rastrear e provar autenticidade de seu conteúdo publicado para leitores e consumidores.
Tecnologia Blockchain
Já está comprovado que a tecnologia Blockchain é excelente no suporte a este caso, pois permite uma “versão única compartilhada da verdade” com base em dados imutáveis e trilhas de auditoria. O The New York Times é uma das primeiras grandes publicações de notícias a testar a tecnologia Blockchain para autenticação de fotografias e conteúdo de vídeo na busca por estabelecer e rastrear a procedência das notícias geradas a ponto de serem visualizadas por seus consumidores de maneira confiável. De forma exaustiva, os “metadados contextuais” são armazenados no Blockchain com informações do tipo quando e onde uma foto ou vídeo foi gravado, quem a tirou e sobre como e quando foi editada e publicada. O The New York Times está desenvolvendo a prova de conceito (PoC) em colaboração com a IBM Garage que ajuda os clientes a construir e escalar projetos inovadores.
O Futuro das Redes Sociais
“As pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com as redes sociais e o dano que elas causam à sociedade, ao diálogo e ao jornalismo” – diz Jimmy Wales que colocou no ar no início de novembro, 2019, o WT: Social, uma plataforma em que as pessoas podem interagir sem ter de visualizar anúncios ou ceder seus dados.
O Estado de S. Paulo (Estado) publicou uma matéria neste domingo, 01 de dezembro de 2019, sobre este assunto que descreve que até o momento, segundo Wales, há 350 mil usuários cadastrados na plataforma e outros 200 mil na fila de espera. É possível pular a fila convidando um amigo para a rede ou pagando uma assinatura, como num serviço de streaming, a R$ 25 por mês ou R$ 250 por ano. Segundo o criador nós (…) precisamos que um a cada 200 pessoas pague para que a plataforma seja sustentável. “Creio que as pessoas estão prontas para uma alternativa às redes sociais focada em qualidade, não em cliques” – diz o americano ao Estado.
O criador Wales esteve no Brasil na última semana para participar do CASE, evento de empreendedorismo e startups. Durante a entrevista para o Estado, uma pergunta importante e de destaque para este artigo foi sobre “como evitar que esta nova rede social seja inundada por notícias falsas?” Em resposta ele disse o WT: Social está no ar há quatro semanas, e que por isso ainda é cedo para afirmar. Mas eles só terão dinheiro se entregarem um produto de qualidade, afirmando que eles terão de defende-lo com unhas e dentes. É diferente de uma rede social baseada na quantidade de cliques, que pode ter conteúdos problemáticos, mas clicáveis. Esse é o pilar fundamental. O criado também acredita que se pode ter um controle genuíno da comunidade. Na Wikipédia, se você entrar numa página e escrever algo racista, isso será deletado imediatamente, porque a comunidade de voluntários está de olho. Na maioria das redes sociais, porém, o gerenciamento de comunidades é diferente: se alguém escreve algo racista, um funcionário terceirizado em algum canto do mundo terá de olhar para isso – e já existem muitos relatos de que esse é um emprego horrível, que causa traumas nas pessoas.
Antigamente, as pessoas diziam para não se confiar em tudo que se lê na Internet. Hoje, o problema da desinformação parece ser justamente esse. Este é um conhecimento importante: até mesmo na Wikipédia há dados em que não se pode confiar – se um artigo carece de fontes, é bom desconfiar. Segundo Wales, precisamos educar as pessoas sobre o que é uma informação confiável. Teorias da conspiração surgem porque as pessoas não aprenderam a julgar o que é plausível ou não. É algo que precisa ser ensinado na escola para as pessoas não se tornarem vulneráveis ao que não faz sentido.
Jimmy Wales – Cofundador da Wikipédia e criador da rede social WT:Social
Sua empresa está preparada?
- Os CIOs em parceria com os CISOs terão como principal desafio neste cenário a revisão e atualização de políticas e boas práticas de gerenciamento de dados éticos a fim de refletir um clima geopolítico em mudança – o aumento de políticas e da própria governança para processos de “denunciantes” permitirá que funcionários relatem uso indevido e abusivo de dados.
- Trabalhe com suas equipes de produção de conteúdo para formular planos para estabelecer e rastrear a procedência do conteúdo gerado pela empresa usando tecnologia Blockchain.
- Preste atenção especial ao desenvolvimento de interfaces com o usuário que facilitam aos consumidores de informações visualizar a procedência do seu conteúdo de maneira fácil e acessível. Por exemplo, um usuário pode digitalizar um código QR no conteúdo de um aplicativo móvel que exibe os metadados de proveniência da Blockchain.
Daniella Vendramini é gerente de Cyber Security da HLB Brasil.