Os impactos globais das tarifas de Trump: riscos e oportunidades para o Brasil

Por Marcelo Fonseca

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As tarifas impostas por Donald Trump continuam a reverberar pelo mundo. A adoção de medidas protecionistas amplas e com fundamentos técnicos questionáveis abalou os mercados globais e gerou retaliações — a mais significativa delas vinda da China, que respondeu com tarifas sobre produtos norte-americanos. O resultado direto tem sido uma desaceleração no comércio internacional e um aumento nas incertezas sobre os rumos da política comercial dos Estados Unidos, fatores que colocam em risco o crescimento da economia global.

As bolsas de valores ao redor do mundo têm reagido negativamente diante da perspectiva de uma guerra comercial iminente — e no Brasil, o cenário não é diferente. A economia dos EUA também deve sentir os impactos: a elevação de preços causada pelas tarifas tende a pressionar a inflação, o que pode forçar o Federal Reserve (FED) a aumentar os juros. Essa reação, por sua vez, encarece o crédito, desacelera o consumo e o investimento, e compromete o crescimento e o emprego — um verdadeiro "tiro no pé" da política econômica americana.

No caso do Brasil, a tarifa de 10% pode até parecer branda em comparação ao que foi imposto a outros países, mas é importante observar com atenção os possíveis efeitos secundários:

*Nota: No dia 9 de abril, antes da publicação desta matéria, os Estados Unidos suavizaram sua postura ao anunciar uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas mais severas, reduzindo a maioria das sanções para uma taxa básica de 10%. A única exceção a essa flexibilização é a China, que continua sendo alvo de tarifas elevadas, até o momento fixadas em 125%.

  • Impacto positivo nos preços: a realocação de exportações de países que perderam acesso ao mercado americano pode aumentar a oferta de bens em outras regiões, inclusive no Brasil, pressionando os preços para baixo e ajudando no controle da inflação.
  • Impacto negativo nas exportações: por outro lado, uma desaceleração — ou até recessão — em economias importantes para o comércio exterior brasileiro, como a China, pode reduzir a demanda por nossos produtos. Isso teria reflexos negativos sobre nossas exportações e, consequentemente, sobre o PIB.

Ainda é cedo para medir com precisão os desdobramentos dessa política tarifária, mas uma coisa é certa: o cenário internacional se tornou mais incerto e o prognóstico, até aqui, não é dos mais animadores.




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