O Brasil precisa melhorar em inovação?

Empresas que aplicam inovação em seus processos conseguem melhores oportunidades no mercado, adotando esta como uma estratégia essencial para o desenvolvimento e posicionamento dos negócios.

Entretanto, de acordo com o Índice Global de Inovação (IGI), o desenvolvimento do Brasil em relação à inovação é errático, o que demonstra o grande desafio do país em impulsionar o setor – tanto dentro das empresas, quanto fora.

De acordo com o índice, atualmente o Brasil ocupa a 57ª colocação entre 132 países, subindo cinco posições em relação ao ano passado. Pode parecer um resultado satisfatório indicando o crescimento em inovação, porém, se compararmos com o resultado de 2011 onde ocupamos a 47ª, verificamos que ainda apresenta autos e baixos no crescimento. Considerando a importância econômica do Brasil no cenário global, é um número muito aquém do esperado.

Além disso, para embasar ainda mais essa conclusão, segundo a última edição da Pintec – pesquisa de inovação desenvolvida a cada 3 anos pelo IBGE – as indústrias brasileiras estão investindo cada vez menos em inovação que nos períodos anteriores. Empresas apresentam queda em investimentos com novos equipamentos e dispêndios com pesquisa e desenvolvimento, aspectos essenciais para valorização e crescimento organizacional e do próprio país.

Outra informação que levanta o alerta sobre a necessidade de maior investimento no setor é que, nos últimos dez anos, todos os países que compõem o BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – apresentaram ações relevantes em inovação, menos o nosso país. A Índia subiu da 62ª colocação para a 46ª em 2021, a Rússia saiu da 56ª posição para 45ª e a China cresceu da 29ª colocação para a 12ª.

A transformação digital mudou vários aspectos sobre como desenvolvemos os nossos processos e trouxe oportunidades para o avanço exponencial da inovação. Porém, para que empresas cresçam em conformidade com a evolução, medidas e planejamentos devem ser tomados para que essas mesmas oportunidades se apresentem para todos.

A falta de recursos e apoio estratégico por parte dos líderes governamentais pode proporcionar um desafio para que nossas empresas conquistem um posicionamento inovador no mercado global e se mostrem competitivas nessa nova era digital.

O Brasil apresenta programas e medidas que apoiam o crescimento do setor, como a Lei da Inovação Tecnológica, que aprimora os investimentos e a cultura de inovação nas empresas e comunidades empreendedoras e o Marco Legal das Startups – projeto em tramitação que pretende desburocratizar a criação de novos negócios no segmento. Outra questão fundamental que pode explicar os baixos investimentos é a defesa às empresas locais via tarifas, legislação etc. Uma economia relativamente fechada como a brasileira não traz incentivos ao investimento em inovação. Abrir a economia, sobretudo aos bens comercializáveis, e aumentar a concorrência, aliado aos avanços na legislação, colocariam o país em outro patamar em relação a outras nações.

O nosso país é extremamente rico em vários aspectos, sendo os nossos recursos naturais um dos principais pontos que podem e devem ser aproveitados para inovar e alavancar a posição do Brasil, principalmente com a atenção da sociedade e grandes empresas para as práticas ESG. Agricultura sustentável e recursos naturais para a energia limpa e acessível são estratégias com potencial de valorização e investimento para solucionar desafios que o mundo inteiro está enfrentando.

Para isso, o Brasil precisa acelerar o passo de mudanças para o crescimento da inovação em todos os setores e promover um planejamento e promoção de uma agenda efetiva de melhorias – investindo em larga escala no ambiente de negócios, capacitação de mão de obra em tecnologia e investimento em infraestrutura que estejam alinhados com o desenvolvimento tecnológico e as necessidades sociais.

É inegável que apresentamos avanços, porém, vivemos em um país em constante instabilidade financeira, desigualdade e burocrático. Para superarmos essas adversidades, deve ser firmado o comprometimento entre governo, empresas e sociedade para que, juntos, trabalhem estratégias que aproveitem os nossos recursos atrelados a tecnologia e impulsione a nossa posição em inovação e melhore a nossa visão de futuro.