COVID-19: projeções do PIB e impacto na economia

Por Marcelo Fonseca

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Dados recentes apontados pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) e divulgados pelo Banco Central, registram tombo de 10,94% na economia brasileira no segundo trimestre de 2020.

O indicador é considerado uma prévia do desemprenho do Produto Interno Bruto brasileiro, com dados oficiais a serem apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 1 de setembro deste ano.

Se concretizado os dados divulgados pelo IBC-Br sobre a retração do PIB, o Brasil entrará oficialmente em “recessão técnica” com recuo do nível de atividade por dois trimestres consecutivos.

O Boletim Focus, dados compilados pelo Banco Central junto a instituições de mercado, também divulgaram previsão de recuo de 5,52% no PIB em 2020, com 0,1 ponto percentual a menos do que a última previsão apresentada pelo boletim. Apesar de resultados negativos de um possível tombo, ele segue pela sétima semana com uma melhora na projeção.

Conforme os dados do IBC-Br e do Boletim Focus, o impacto da pandemia da COVID-19 na economia foi recebido principalmente sobre os meses de março e abril, com perdas recordes. Porém, desde então, as atividades indicam melhoras na base mensal, com maio apresentando alta já de 1,6% e a produção industrial crescendo 8,9% em junho.

O setor de serviços e as vendas varejistas também apresentaram avanços significativos, com alta de 5% e 8% respectivamente, mas ainda com resultados distantes aos níveis pré-pandemia e de recuperação dos setores.

Apesar dos dados favoráveis de crescimento dos últimos meses, o IBGE divulgou através da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da COVID-19 nas Empresas, dados que mostram que 716.000 estabelecimentos fecharam as portas no Brasil, afetando especialmente o comércio (39,4%) e serviços (37%), sendo as pequenas empresas as principais atingidas.

Entre as 2,7 milhões de organizações que continuam abertas e operando com instabilidade, 70% relatam diminuição de vendas ou serviços desde o início da COVID-19 no Brasil e somente 12,7% tiveram acesso ao crédito emergencial do Governo destinado ao pagamento de salários. Dados que sinalizam dificuldades para a esperada recuperação econômica.

Devemos lembrar que estamos presenciando uma crise econômica global e não um caso específico e isolado, portanto, apesar de apresentar algumas projeções positivas nos últimos meses, estamos experimentando quadro recessivo que atinge o Brasil, como também boa parte das economias globalmente.

Desta forma, a expectativa de retomada do crescimento econômico dependerá de medidas de ação e incentivos governamentais, incluindo as Reformas esperadas, a abertura de novos postos de trabalho e, consequentemente, do índice de consumo das famílias.

Além das reformas o mercado observa se o “teto de gastos” será respeitado, uma vez que o endividamento do setor público pode chegar a 100% do PIB em 2020. Sem a garantia de que a dívida será controlada não haverá ambiente para manutenção da taxa Selic no patamar que se encontra.

Por fim, deve ser ressaltado que as informações sobre o Produto Interno Bruto são projeções e que os dados oficiais serão divulgados em setembro, onde teremos realmente a dimensão oficial sobre o impacto econômico causado pela pandemia e o tamanho da recessão que enfrentamos.

Marcelo Fonseca é sócio e economista da HLB Brasil.






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