Agronegócio: setor apresenta crescimento econômico nos últimos tempos
Por Marcelo Fonseca
Muito se tem falado sobre o impacto da pandemia da COVID-19 nos grandes centros e como isso pode afetar a economia. Porém, é importante analisarmos a influência da disseminação da doença também na área rural, principalmente o agronegócio que movimenta 20% do PIB brasileiro.
Tendo em vista a recessão econômica causada pela pandemia as perspectivas são positivas, especialmente ao levarmos em conta que o agronegócio foi o único setor da economia que obteve resultados favoráveis no Produto Interno Bruto no primeiro semestre de 2020, com crescimento de 1,9% em comparação com os meses anteriores.
De acordo com a Cogo – Inteligência em Agronegócio, analista de mercado agropecuário, o Valor Bruto da Produção (VBP) do setor para este ano está estimado em R$ 689,9 bilhões, sendo 7,6% maior em comparação ao ano de 2019 que obteve 641,3 bilhões.
Os produtos do agronegócio que bateram recordes de exportação nos primeiros meses de 2020 foram a soja com 16,3 milhões de toneladas, farelo de soja com 1,7 milhões, carne de boi por 116 mil, carne suína com 63 mil e algodão por 91 mil toneladas.
Ainda, de acordo com a análise realizada pela Cogo divulgada em abril, as perspectivas positivas para o cenário agropecuário para 2020 e 2021 são fundamentadas pelo dólar elevado que atenua a transmissão da queda de preços internacionais, principalmente com a diminuição da demanda global.
Outros fatores que contribuem para esses resultados se encontram nas boas perspectivas de preços e produção para as grandes atividades de peso no PIB do setor, como grãos, café e carnes, além da baixa elasticidade-renda de produtos alimentares essenciais, garantindo a demanda interna de cerais, hortícolas, frutas, carnes e lácteos.
Porém, devemos lembrar que o setor do agronegócio apresenta as mesmas semelhanças em questão de mercado dos centros urbanos, em que micro e pequenos negócios apresentam maior dificuldade de manter a sua produção nesse momento de crise.
Portanto, precisamos prestar atenção especial para os pequenos produtores agropecuários que precisam de suporte e buscam maneiras de manter as suas vendas e que, muitas vezes, sofrem com a perda de seus produtos por não conseguirem compradores.
Todas os setores apresentam dois lados, mas o importante é manter as expectativas e aguardar resultados positivos para a demanda do agronegócio no Brasil para este ano.
Marcelo Fonseca é economista e líder do escritório do Rio de Janeiro da HLB Brasil