Aceitação do home office e trabalho híbrido demonstra a transformação do mercado
Por Felipe Pirajá
Em 2022 entramos no terceiro ano em que estamos passando pelo processo de transformação nos modelos de trabalho trazidas com a pandemia da Covid-19. Nesses últimos anos, palavras como “Call”, “meeting”, “home office” e outras tantas, se tornaram comuns no vocabulário de profissionais que encontraram a sua rotina profissional, muitas vezes enraizadas no modelo tradicional de trabalho, inseridas no mundo digital.
Temos a clara percepção que estamos experimentando uma evolução importante no método de realizar trabalhos. O que antes pensávamos ser algo passageiro, com a necessidade do isolamento social, passou a ser uma realidade permanente para diversas organizações.
Desde a metade de 2021, empresas começaram os seus preparativos para a retomada dos trabalhos presenciais com o avanço da vacinação. Porém, com a aprovação e preferência do trabalho remoto por parte dos profissionais, a alta do aproveitamento e entrega das demandas e a instabilidade trazida com as variantes do coronavírus que proporcionaram o aumento dos casos no último mês de 2021 e início deste ano, o trabalho híbrido será tendência em 2022 e nos próximos anos.
O Indeed – consultoria de recolocação profissional – entrevistou cerca de 730 profissionais brasileiros para compreender como o cenário do trabalho remoto transformou as expectativas para os próximos anos. De acordo com a pesquisa, cerca de 17% dos entrevistados esperam continuar trabalhando remotamente, 17% desejam retornar presencialmente para os escritórios e 11% gostariam de ter oportunidade de socializar pessoalmente.
O resultado da pesquisa demonstra o que já sabemos, somos seres originalmente sociais, mas que nos adaptamos e encontramos novas oportunidades e benefícios com o home office. As diferenças nas opiniões e o respeito pela nossa essência sociável e saúde mental, faz com que o modelo de trabalho híbrido seja a melhor saída por ser flexível e se enquadrar no ponto em que os profissionais sintam serem levados em consideração, além de ser o favorável pelo cenário no momento em que estamos vivendo.
Especialistas que se aprofundam nos temas emprego e ambiente de trabalho, também acreditam nessas tendências que estão moldando a sua forma. Para a professora de futuro do trabalho da Faculdade de Administração da Universidade de Newcastle – Reino Unido, Abigail Marks, profissionais anseiam cada vez mais por semanas de trabalho mais curtas e menos horas
de trabalho, fazendo com que a estrutura que já conhecemos (semana de trabalho de 40 horas, normalmente das 8h às 17h) seja repensada e reorganizada.
Além da preferência, as exigências das transformações tecnológicas e do mundo digital com as demandas cada vez mais frequentes das videoconferências e da presença online contínua, faz com que essa mudança do trabalho acabe sendo permanente.
Abigail Marks ainda destaca que empresas e legisladores estão dispostos a explorar meios que possam reduzir a sobrecarga dos trabalhadores, proporcionar melhor saúde mental e o equilíbrio da vida pessoal e profissional, almejando a produtividade.
Para acoplar essas mudanças, os espaços físicos dos escritórios também podem mudar. Tanto empresas quanto profissionais, descobriram que espaços abertos e intimistas podem melhorar a produtividade, além disso, com a redução de dias de trabalho no presencial, não existe mais a necessidade de ter várias salas para o desenvolvimento das atividades.
Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, alega que as organizações reconfigurarão seus espaços em 2022 para atender às necessidades de uma nova força de trabalho híbrida e os anseios do quadro colaborativo. A perspectiva do professor reforça que muita coisa deve mudar nos escritórios com a volta ao presencial em alguns dias da semana, visando o conforto, saúde, segurança e produtividade dos profissionais.
Passar por mudanças nesse nível pode ser assustador, principalmente quando inserido em um cenário pandêmico, mas o ser humano é adaptável e como podemos perceber, já estamos entrando no terceiro ano dentro dessa nova realidade. Podemos ter enfrentado algumas dificuldades nos primeiros meses, mas a aceitação do modelo demonstra que o home office e o trabalho híbrido estará cada vez mais presente nesse ano e em nosso futuro.