Por que o Vale do Silício estimula a geração de "megadeals"?
Por Luiz Felipe P. Fleury
Apesar de ter apresentado um crescimento em ritmo menor do que anos anteriores, o Vale do Silício ainda é uma das regiões com maior vocação para inovação e um dos celeiros de empresas com grande potencial de mercado, chamando atenção para os denominados “megadeals” que acontecem na região. Afinal, são USD 50 bilhões de investimentos em venture capital, 81 operações de M&A acima de USD 100mm e 29 novos unicórnios somente em 2018.
Haja vista que surgiram de lá negócios como Netscape, Google, Yahoo, Apple iTunes, Netflix e Uber. Mas, como esta região conseguiu alcançar a marca de, em 2017, ter uma população com uma média salarial de USD 139 mil?
A resposta nos parece simples, o ambiente socioeconômico e cultural do Vale do Silício estimula esta geração constante de desenvolvimento e inovação como algo contínuo e independente a possíveis fatores variáveis.
Vejamos alguns dados:
- A população no Vale do Silício tem 52% de suas pessoas que falam em casa outra língua que não o inglês;
- 59% dos alunos do High School já tem conhecimento para alcançar os requisitos mínimos para entrar na UC/CSU;
- 56% dos alunos da oitava série são proficientes em matemática, contra apenas 37% na região de São Francisco.
A diversidade também é característica marcada na região, tendo entre 37% e 39% de mulheres com formação em cursos de ciência e engenharia.
Além de tudo isso, há um conjunto de fatores que fazem parte da cultura local e nisso, podemos destacar:
- A formação acadêmica e de pesquisa diferenciada;
- O ambiente é voltado à discussão de ideias;
- Pessoas de vários países estudando no local;
- Meritocracia percebida nas empresas;
- Cultura de estímulo a assumir riscos;
- Políticas públicas que estimulam o desenvolvimento das empresas;
- Disponibilidade de capital.
Ou seja, poucos locais têm tantos fatores que influenciam o ecossistema de inovação empresarial. Isoladamente, conseguimos ver alguns destes pontos presentes, mas poucos com um conjunto tão robusto de estímulos.
No Brasil, estamos muito atrás nesse cenário, mas temos que refletir e incorporar alguns aspectos desde já para ficarmos mais próximos desta região, que é um exemplo de estímulo ao desenvolvimento.
Fonte: Joint Venture
Luiz Felipe P. Fleury é sócio de Corporate Finance da HLB Brasil